Sabemos que, muitas vezes, as pessoas saem do núcleo de suas famílias como um meio de proteção física e emocional. Seja pelo conflito de valores pessoais e morais, pelo modus operandi da família, ou também pelos traumas e abusos que foram gerados durante toda a vida.
Essas pessoas, que saem do núcleo de suas famílias, encontram na experiência de expatriação muitas possibilidades.
Neste caso, a ida para o exterior, para um novo lugar, onde não terá contato direto com essas questões familiares, passa a funcionar como se fosse um alento. Muitas vezes, até os desafios que a expatriação traz, são muito mais fáceis de lidar do que a complexidade de lidar com uma família tóxica.
Esta toxicidade familiar, nem sempre acontece com o propósito de traumatizar, diminuir ou menosprezar os entes queridos. Muitas vezes, é fruto de uma criação rígida, de uma sociedade adoecida e do convívio com pessoas que têm valores pessoais distorcidos.
Quando essas famílias não assumem a responsabilidade sobre seus próprios erros, não se desculpam, não mudam de atitudes, os filhos passam a acreditar que o maior problema da família são eles. Passam a se cobrar, a se culpar, a se comparar, até que entram em uma espiral sem fim de sofrimento.
Lugar de destaque na família
Na minha experiência atendendo a pessoa expatriada, vejo que, para a maioria, a ida para o exterior acaba se tornando, além da fuga necessária, a chance de ocupar um lugar de destaque dentro da família. É, ao mesmo tempo, estar fora do convívio diário que são às vezes geradores de conflitos, e estar em uma posição de admiração daqueles que ficam.
Mas claro, a ida para o exterior, para morar lá, não é apenas com esse único intuito. Muitas pessoas vão para conhecer, estudar, trabalhar, aprender sobre uma nova cultura, se relacionar com pessoas diferentes, viver um sonho próprio e por aí vai.
O medo da situação
Para conseguir lidar com essas situações, o medo pode vir muito à tona! E o medo tem, basicamente, 3 funções: paralisar, impulsionar a enfrentar, ou fugir da situação.
- A paralisação gera um congelamento de atitude diante daquilo que dá medo. A pessoa não reage. Fica inerte.
- O impulsionamento é quando a pessoa entende que não vai dar para se livrar do medo, então vai com o medo mesmo e enfrenta a situação.
- A fuga, o fugir, acontece quando a pessoa já analisou a situação em si, e percebeu que não terá muito o que fazer para mudar. Que encarar pode gerar um resultado não desejado. Então, a pessoa escolhe dar as costas para a situação e viver de uma maneira que seja coerente consigo mesma.
Muitas vezes, as dificuldades que a pessoa expatriada vive no exterior, são irrisórias se compararmos com aquilo que passa com a família no país de origem. Às vezes, a questão de não se adaptar ao local que está, à cultura, etc é o menor dos problemas desta pessoa.
Ás vezes, é uma pessoa que tem um histórico familiar de rejeição, humilhação, abuso… então, estar em um país diferente, por mais que não seja perfeito (claro, nunca é) acaba se tornando algo melhor do que continuar no lugar que está!
As frustrações da mudança
Viver experiências frustrantes como: a falta de sucesso e de reconhecimento, a solidão inesperada, a dificuldade na adaptação cultural pode, muitas vezes, gerar grandes conflitos internos. Esses conflitos podem ocasionar a culpa e o sentimento de falha, que podem resultar na desistência de viver o sonho.
Com isso, essas pessoas podem acabar mantendo os padrões familiares e, consequentemente, vão contra seus próprios valores e essência. Acabam desistindo do sonho, pela ansiedade em alcançar rapidamente o resultado desejado! E então, retornam ao seu país de origem, frustradas, desanimadas e contrariadas, por nem elas mesmas terem a autoconfiança e persistência necessárias para seguir adiante.
Não conseguem enxergar que, pelo menos vivendo o sonho real, elas têm a liberdade de agirem como querem, sem sofrer uma coerção familiar, mas também é necessário ter responsabilidade para lidar com as consequências de seus atos, o que muitas vezes não há.
A liberdade e a responsabilidade
Esta mudança é um sinal de busca pela cura interior. A liberdade em conjunto com a responsabilidade de lidar com as próprias vivências traz um enorme ganho mental e emocional à pessoa expatriada. Ela verá que não tem ninguém da família para arcar com as consequências de suas escolhas, então tudo será só ela, por ela.
Essa condição, para um jovem de quase 20, ou de 20 e poucos anos, pode ser bem complexa. Pode trazer inúmeros conflitos, pois esperam conquistar o sucesso absoluto rapidamente, e nem sempre é assim. Como nos casos em que, por exemplo, determinado país acaba mudando as regras de imigração devido a questões políticas e isso acaba atingindo a pessoa expatriada.
A pessoa pode entrar em conflito! Sem saber de quem é a responsabilidade e o que deve ser feito. Pode repetir os padrões antigos como, por exemplo, sentir que a culpa toda é dela mesma! Como acontecia quando convivia com a família de origem.
Como a psicoterapia pode funcionar
Todos esses pontos podem trazer grande adoecimento físico e psíquico para a pessoa. Ela fica com a dimensão noética (para a logoterapia, é a dimensão espiritual, mas não no sentido religioso) adoecida. Se esquece de suas capacidades e potencialidades para lidar com o problema.
Acaba culpando a si mesma novamente, causando, ainda mais, um adoecimento do ser.
Acaba incorporando aquelas opiniões tóxicas do seu meio, e se menosprezando. E chega naquela espiral de sofrimento que parece interminável.
Na psicoterapia à pessoa expatriada, é possível conseguirmos resgatá-la desta espiral.
O primeiro passo para isso, é trabalhar criando um bom vínculo entre pessoa e psicóloga. Eu vou até o olho do furacão, o lugar que a pessoa normalmente está, para entender o que ela está vivendo.
Ao mesmo tempo que vamos criando vínculo, eu vou acolhendo-a. Tudo isso, no meio da espiral de sofrimento. Faço algumas intervenções, pois preciso de muitos detalhes para entender como é o modus operandi da pessoa.
Com isso, a observação, a análise, e muito estudo, vamos compreendendo a maneira que a pessoa tem de funcionar, e vamos resgatando essas capacidades e possibilidades dela também. Até que, em dado momento, a pessoa consegue sair da espiral de sofrimento sem desistir do seu sonho.
Você está passando por essas situações? Me chame no WhatsApp! Faça psicoterapia clínica online comigo! Vamos conseguir, em conjunto, tirar você da espiral de sofrimento! Estou à disposição!